sexta-feira, 28 de outubro de 2011

GRANDE EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO É O QUE A ANAC APRESENTOU COMO CONCESSÃO DE AEROPORTOS


por Paulo Roberto Krobath, na Audiência Pública Nº 16 da Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC, em 28/10/2011:















"Os aeroportuários manifestaram publicamente sua discordância pelo processo que entrega o patrimônio público aeroportuário e o desrespeito ao empregado operacional.

Como se deixássemos de ser profissionais e tornássemos apenas passivo trabalhista com prazo de validade sendo negociada!

O Governo Federal está privatizando o emprego do trabalhador público concursado, com níveis de excelência técnica operacional nacional e internacional.

Em resposta, fizemos uma greve de 4 (quatro) dias que afetou as industrias de ponta do Sudeste e o aproveitamento de carga dos cargueiros que decolaram.

Caso ainda tenha algum interessado na concessão de Viracopos?

A sugestão ao futuro contrato de concessão nas Disposições Empregatícias seria o “Projeto de Gestão Compartilhada” onde negociar-se-ia funções já existentes e funções a serem assumidas pela Infraero dentro dos aeroportos concedidos.
São funções operacionais no Terminal de Cargas-TECA, Segurança, Operações, Engenharia  e Controle do Trafego Aéreo.

Com a cessão definitiva, ou seja, sem prazo mínimo de estabilidade, para a nova empresa, com remuneração na Infraero e reembolso de custos pela nova empresa.

Haveria um contrato de prestação de serviços global.

As vantagens:

- Funcionários satisfeitos pela Infraero;

- Garantia da continuidade da qualidade dos serviços.

Não visualizo desvantagens, pois é melhor ter a categoria aeroportuária como aliada do que não, haja vista nossa capacidade de mobilização a greve e transtornos nas indústrias que necessitam do Terminal de Cargas de Viracopos.

Os erros ou omissões do passado e presente da administração pública estão relacionadas a política e aos gestores com cargo de confiança.

O mínimo aceitável é o aeroportuário continuar trabalhando na Infraero, mesmo cedidos a futura empresa, caso continue o processo de concessões".

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

EM SOLIDARIEDADE AOS TRABALHADORES AEROPORTUÁRIOS

por Paulo Roberto Krobath
















"Deputado Federal Ivan Valente, do PSOL/SP:

Senhor Presidente, senhoras e senhores Deputados,

Na semana passada, os trabalhadores da Infraero de Brasília, Guarulhos e Viracopos realizaram uma paralisação de 48 horas contra as privatizações dos três aeroportos pelo governo Dilma. Os funcionários defendem o emprego de subsídios cruzados dos aeroportos superavitários para manter as demais unidades da rede Infraero e criticam o fato do BNDES financiar com dinheiro público as empresas privadas que tomarão conta dos aeroportos a partir de 2012. Brasília, Guarulhos e Viracopos operam atualmente 30% dos passageiros, 57% das cargas e 19% das aeronaves do tráfego aéreo brasileiro.

Em Viracopos, os aeroportuários, contra a indicação da própria direção do sindicato, defenderam greve por tempo indeterminado. O quadro revela o tamanho do descaso com a categoria, que se vê agora ainda mais ameaçada diante das incertezas decorrentes das privatizações.

Pela minuta dos contratos de concessão, divulgadas pelo governo, as concessionárias que vencerem os leilões de Brasília, Guarulhos e Viracopos deverão, no prazo de seis meses, selecionar, a seu critério, os empregados da Infraero que serão transferidos para as empresas e continuarão trabalhando nos três aeroportos privatizados. Não há qualquer previsão em relação ao número de empregados que serão absorvidos pelas empresas.

Aqueles que aceitarem ser transferidos serão demitidos sem justa causa da Infraero e terão um novo contrato de trabalho. A promessa é de garantia de emprego por 12 meses, a contar da transferência. Depois disso, o futuro é incerto. E a história já mostrou que em processos de privatização como este o número de trabalhadores demitidos após o vencimento dos prazos de estabilidade previstos nos contratos é enorme.

Quem não for selecionado ou não quiser trabalhar para as novas concessionárias, poderá ficar na Infraero, mas necessariamente mudará de local de trabalho – ou seja, de cidade e de estado, com conseqüências enormes para suas vidas e a de suas famílias. A apreensão e mobilização dos trabalhadores da Infraero, portanto, é mais do que justificada. Em pouco tempo, muitos poderão ser obrigados a mudar radicalmente de vida se não quiserem ficar desempregados.

Segundo o governo, a previsão é de que o edital de privatização seja publicado em novembro e que, 45 dias depois, ocorra a entrega das propostas e a sessão pública dos leilões, através da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A assinatura dos contratos e o início do processo de transferência das operações estão previstos para o início de 2012. Nos três primeiros meses, a Infraero continuará executando as atividades. Após essa fase, os concessionários assumirão a efetiva operação dos aeroportos.

Assistiremos, assim, à conclusão de mais um processo de entrega do patrimônio público à iniciativa privada, “justificado” pelo aumento da demanda dos aeroportos e pela realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O filme, no entanto, é antigo, comum a vários governos. Primeiro, deixa-se sucatear os equipamentos públicos, para depois acusar a gestão pública de uma suposta ineficiência e então partir para a privatização.

Num manifesto divulgado recentemente, os trabalhadores da Infraero de Viracopos, em Campinas, criticam a decisão do governo federal, incluindo a flexibilização da Lei de Licitações para a realização das obras nos aeroportos. Nós, da bancada do PSOL, também fomos contrários à medida, e aqui nesta Casa votamos contra a Lei 12.462/11, que cria o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aplicável a licitações e contratos de obras da Copa de 2014 e das Olimpíadas 2016.

No documento, os aeroportuários lembram que a Procuradoria-Geral da República já considerou a legislação inconstitucional, tanto que o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo contra a nova lei. Segundo Gurgel, a lei fere os balizamentos que necessariamente devem ser observados nas licitações e contratos administrativos assinados no país. A Lei 12.462/11 não fixa, por exemplo, parâmetros mínimos para identificar as obras, os serviços e as compras que deverão ser realizadas por meio do RDC. Fica evidente a falta de planejamento, senhor Presidente.

O mesmo aconteceu em 2007, por ocasião dos Jogos Panamericanos no Rio de Janeiro, quando a União, o estado e o município do Rio de Janeiro não conseguiram se organizar a contento, e o orçamento inicial do evento, de R$ 300 milhões, chegou a absurdos R$ 3 bilhões. Quem garante que o mesmo não acontecerá com a Copa de 2014? É praticamente a crônica de uma morte anunciada…

O Tribunal de Contas da União também já constatou que o modelo de pré-qualificação para o Regime Diferenciado de Contratações está repleto de irregularidades. O TCU fala de direcionamento, conluio entre os participantes e sobrepreços.

Por fim, a parte da Lei de Licitações que prevê a adoção de medidas mitigadoras e compensatórias para obras ou atividades causadoras de danos ambientais fica totalmente prejudicada, já que, no Regime Diferenciado, são dispensadas as normas que regulam o licenciamento ambiental. Ou seja, tanto na proposta do novo Código Florestal, que está no Senado e autoriza o uso de Áreas de Preservação Permanente para a realização de obras da Copa e das Olimpíadas, quanto no Regime Diferenciado, foi dada licença para desmatar. E as obras em aeroportos são potencialmente causadoras de danos ambientais.

Enfim, senhoras e senhores Deputados, a situação é de brutal ataque ao patrimônio público e ambiental brasileiro e aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras da Infraero. Manifestamos aqui então toda a nossa solidariedade à paralisação dos aeroportuários realizada na última semana. E reforçamos o compromisso do PSOL em acompanhar pari passu este processo e em seguir lutando em defesa do interesse nacional.

Muito obrigado.

Ivan Valente
Deputado Federal PSOL/SP"

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

GREVE EM VIRACOPOS

por Dulcinea Lopes da Silva:



“Hoje  votamos pela continuação da greve em Viracopos. Não aceitamos a proposta do governo de voltarmos a trabalhar até sentarmos na mesa de discussão na quarta feira dia 26/10 uma vez que está marcada a audiência pública para o leilão de Viracopos o dia 28/10. Não aceitamos a proposta de migrarmos para a empresa concessionária com garantia de um  ano de estabilidade de emprego, uma verdadeira piada. Não aceitamos entregar o patrimônio público de mão beijada para a iniciativa privada.  A Infraero foi eleita a terceira melhor empresa do mundo em administração aeroportuária, sendo assim, por quê entregar os aeroportos brasileiros nas mãos do capital privado e internacional uma vez que a Infraero exporta o modelo de administração de aeroportos? Não se justifica e não se sustenta tal pretensão.

Os aeroportuários de Viracopos permanecerão em greve até que o governo decida nos receber, nos ouvir e fazer uma contraproposta aceitável.

O capital privado quer administrar aeroportos? Tudo bem, então que construam seus próprios aeroportos, não estamos contrários à administração privada de aeroportos, estamos contrários à administração pelo capital privado dos aeroportos já existentes e que são de propriedades da União.


A escusa é a Copa de 2014, porém se não fosse a Copa seria qualquer outra para entregar os aeroportos.  Só estão sendo colocados à concessão os aeroportos rentáveis da rede Infraero, porque os investidores só querem uma coisa:

****LUCRO**** LUCRO**** LUCRO****.


Não estão preocupados com a economia ou com o país, somente com lucros. Sendo assim, para sermos ouvidos decidimos frear um pouco o lucro do capital, combatendo fogo contra fogo.

E como faremos isso?

Cruzando os braços até no dia 26/10, até que o governo nos receba para negociar.

Viracopos parado um dia houve um acúmulo de 600 toneladas de cargas paradas no pátio do aeroporto, mas as empresas se prepararam para isso, para dois dias de paralização. No entanto, com mais cindo dias de greve vamos interromper o fluxo do capital, pois as indústrias que importam cargas por Viracopos não trabalham com estoque, aliás, possuem estoque de no máximo dois dias, ou seja, já acabou material para produção. Na próxima semana teremos várias indústrias, desde automotivas às tecnológicas paradas porque não sai carga de Viracopos, então o capital irá começar a pressionar o governo para tomar uma atitude, para falar conosco, para sentar-se à mesa de negociação conosco.

Podem imaginar o impacto de uma Bosch parada porque Viracopos está em greve? O que é uma Valeo parada? Uma Flexitronics? Uma Sansumg? E uma Motorola? Uma Eaton? Uma Foxconn? Caterpillar? IBM? 3M? Honda?

Pois é, essa é apenas uma amostra das indústrias que vão ficar sem material para trabalhar a partir da próxima semana porque nós, aeroportuários de Viracopos, estamos em greve. Se o governo não nos ouvir,  irá ouvir aos donos do dinheiro, porque eles irão pressionar e cobrar uma resolução da situação.

Queremos respeitos; somos uma categoria que trabalha dia e noite para que as indústrias, hospitais, entretenimentos, para que tudo possa funcionar, e o mínimo que pedimos é respeito a nós e ao nosso trabalho. Termos nossa dignidade reconhecida.

A Infraero está a 38 anos administrando aeroportos e sempre administrou muito bem, esse ano Viracopos recebeu o Prêmio Internacional de Excelência em Logística, então eu me pergunto:  recebemos tal prêmio porque não temos competência ou seria o contrário?

Todos os anos milhões e milhões de turistas entram e saem do país na época do Carnaval, por acaso não lidamos com isso com toda a competência?

Uma amiga esteve  na África do Sul recentemente e disse que os aeroportos são horríveis, que estão muito aquém dos nossos aeroportos, então como eles tiveram condições de receber uma Copa do Mundo e o discurso em relação ao Brasil é de que será um caos?

Mentira deslavada, tudo retórica terrorista para alienar a sociedade e legitimar a privatização do pouco que resta do patrimônio nacional.

Não podemos ser ingênuos, essa Copa e depois Olímpiadas no Brasil farão correr rios de dinheiro, rios de dinheiro por todo lado, e, óbvio, o capital financeiro internacional que só visa o lucro está babando para receber a maior fatia possível do bolo, e nós somos uma das fatias tão desejadas.

Por isso dizemos não.

Não à privatização!

Não à concessão!

Não à destruição do pouco que resta do patrimônio nacional!

Convocamos todos os aeroportos da rede Infraero a aderirem à greve!

Hoje somos três, Brasília, Guarulhos e Viracopos. Amanhã serão todos os aeroportos lucrativos da rede.

Juntem-se a nós!"

Fonte: http://paulokrobath.blogspot.com.br/2011/10/greve-em-viracopos-strike-in-viracopos.html