A Crise do Capitalismo se Aprofunda; Aguça-se a Luta de Classes
A burguesia europeia passou a maior parte de 2011 de
uma reunião de cúpula de emergência a outra, tratando de evitar o colapso do
euro e da União Europeia. Foram deitos anúncios grandiloquentes e declarações de
intenção altissonantes. Mas entramos em 2012 e nada mudou com exceção de que as
contradições nacionais agora são mais agudas e insolúveis do que antes já eram.
A União Europeia em seu conjunto poderia entrar de novo em recessão. O
capitalismo europeu mira para o abismo e ameaça arrastrar atrás de si toda a
economia mundial.
Depois de dois anos, a União Europeia foi incapaz de
resolver a crise grega. Agora todos aceitam o que vínhamos argumentando desde o
início. A Grécia não pode pagar suas dívidas. As medidas de austeridade brutal
que impuseram ao povo grego tiveram o efeito oposto: o de afundar mais a
economia, com deterioração dos padrões de vida, o colapso da demanda, o aumento
de desemprego, a menor arrecadação de impostos e, portanto, uma dívida maior.
Todos aceitam agora que, cedo ou tarde, a Grécia vai declarar a suspenção dos
pagamentos de sua dívida pública e erá forçada a sair da Zona do Euro. Isto, por
sua vez, terá graves repercussões por toda a Europa.
A crise na Grécia causou sérios problemas, mas se vê
minimizada por outros assuntos. A Itália e o Estado Espanhol necessitam colocar
aproximadamente 1 bilhão de euros em obrigações do estado durante os próximos 4
(quatro) anos para pagar a dívida e os juros acumulados. Isto levará as finanças
públicas a uma maior deterioração, chegando a níveis insustentáveis. A Itália
está pagando atualmente 7,17% de juros sobre bônus de 10 (dez) anos, uma
quantidade intolerável. Somente as dívidas da Itália somas um valor de 1,9
trilhões de euros, uma quantia suficiente para levar à ruína toda a Zona do
Euro.
A base da crise atual é clara. Simplesmente é uma
questão de quem, se é que alguém fará, pagará as dívidas assombrosamente enormes
que se foram acumulando na Europa. Se o dinheiro não for encontrado logo, toda a
Zona do Euro, inclusive a União Europeia, poderia se desintegrar rapidamente
entre recriminações mútuas e protecionismo. A crise da dívida é simplesmente a
expressão superficial da contradição entre o colossal potencial das forças
produtivas e os estreitos limites da propriedade privada e do Estado. O
capitalismo produz necessariamente crises de superprodução. Ou seja, uma crise
em que se produz mais do que o mercado pode absorver devido ao colossal
potencial das forças produtivas e a capacidade limitadam de consumo das
massas.
Já não se trata simplesmente de uma crise econômica e
sim, como admitem os analistas mais agudos da classe dominante, de que as
receitas que estão sendo aplicadas para tratar de descarregar seu peso sobre a
classe trabalhadora ameaçam provocar uma crise de legitimidade do próprio
sistema capitalista.
A Grécia não é mais que o elo mais fraco da cadeia do
capitalismo europeu. Mas, como já assinalamos, a atenção dos abutres carniceiros
dos mercados financeiros e das agências de qualificação se transferiu para novas
presas. Já não são somente países capitalista débeis da periferia europeia
(Irlanda e Portugal), como também a Espanha, a Bélgica e a Itália que se veem
obrigados a pagar taxas de juros usurárias. Inclusive a França acaba de perder o
status AAA de sua dívida na última requalificação de Standard´s and Poors. Na
realidade, além do elemento especulativo e de rapina destas instituições, em
última instância o que fazem não é mais do que refletir a confiança (ou a
ausência da mesma) que têm os investidores capitalistas na capacidade destes
estados de resolver seus problemas econômicos e, portanto, de devolver o
dinheiro tomado emprestado.
Jorge Martin - Corrente Marxista Internacional
Revista teórica marxista - América Socialista - nº 2 - Maio
de 2012
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