quinta-feira, 17 de maio de 2012

A Crise do Capitalismo se Aprofunda; Aguça-se a Luta de Classes

Por Mauro A. Lorenzon


A Crise do Capitalismo se Aprofunda; Aguça-se a Luta de Classes

A burguesia europeia passou a maior parte de 2011 de uma reunião de cúpula de emergência a outra, tratando de evitar o colapso do euro e da União Europeia. Foram deitos anúncios grandiloquentes e declarações de intenção altissonantes. Mas entramos em 2012 e nada mudou com exceção de que as contradições nacionais agora são mais agudas e insolúveis do que antes já eram. A União Europeia em seu conjunto poderia entrar de novo em recessão. O capitalismo europeu mira para o abismo e ameaça arrastrar atrás de si toda a economia mundial.

Depois de dois anos, a União Europeia foi incapaz de resolver a crise grega. Agora todos aceitam o que vínhamos argumentando desde o início. A Grécia não pode pagar suas dívidas. As medidas de austeridade brutal que impuseram ao povo grego tiveram o efeito oposto: o de afundar mais a economia, com deterioração dos padrões de vida, o colapso da demanda, o aumento de desemprego, a menor arrecadação de impostos e, portanto, uma dívida maior. Todos aceitam agora que, cedo ou tarde, a Grécia vai declarar a suspenção dos pagamentos de sua dívida pública e erá forçada a sair da Zona do Euro. Isto, por sua vez, terá graves repercussões por toda a Europa.

A crise na Grécia causou sérios problemas, mas se vê minimizada por outros assuntos. A Itália e o Estado Espanhol necessitam colocar aproximadamente 1 bilhão de euros em obrigações do estado durante os próximos 4 (quatro) anos para pagar a dívida e os juros acumulados. Isto levará as finanças públicas a uma maior deterioração, chegando a níveis insustentáveis. A Itália está pagando atualmente 7,17% de juros sobre bônus de 10 (dez) anos, uma quantidade intolerável. Somente as dívidas da Itália somas um valor de 1,9 trilhões de euros, uma quantia suficiente para levar à ruína toda a Zona do Euro.

A base da crise atual é clara. Simplesmente é uma questão de quem, se é que alguém fará, pagará as dívidas assombrosamente enormes que se foram acumulando na Europa. Se o dinheiro não for encontrado logo, toda a Zona do Euro, inclusive a União Europeia, poderia se desintegrar rapidamente entre recriminações mútuas e protecionismo. A crise da dívida é simplesmente a expressão superficial da contradição entre o colossal potencial das forças produtivas e os estreitos limites da propriedade privada e do Estado. O capitalismo produz necessariamente crises de superprodução. Ou seja, uma crise em que se produz mais do que o mercado pode absorver devido ao colossal potencial das forças produtivas e a capacidade limitadam de consumo das massas.

Já não se trata simplesmente de uma crise econômica e sim, como admitem os analistas mais agudos da classe dominante, de que as receitas que estão sendo aplicadas para tratar de descarregar seu peso sobre a classe trabalhadora ameaçam provocar uma crise de legitimidade do próprio sistema capitalista.

A Grécia não é mais que o elo mais fraco da cadeia do capitalismo europeu. Mas, como já assinalamos, a atenção dos abutres carniceiros dos mercados financeiros e das agências de qualificação se transferiu para novas presas. Já não são somente países capitalista débeis da periferia europeia (Irlanda e Portugal), como também a Espanha, a Bélgica e a Itália que se veem obrigados a pagar taxas de juros usurárias. Inclusive a França acaba de perder o status AAA de sua dívida na última requalificação de Standard´s and Poors. Na realidade, além do elemento especulativo e de rapina destas instituições, em última instância o que fazem não é mais do que refletir a confiança (ou a ausência da mesma) que têm os investidores capitalistas na capacidade destes estados de resolver seus problemas econômicos e, portanto, de devolver o dinheiro tomado emprestado.

Jorge Martin - Corrente Marxista Internacional

Revista teórica marxista - América Socialista - nº 2 - Maio de 2012

http://revolucaomarxista.blogspot.com.br/2012/05/crise-do-capitalismo-se-aprofunda-aguca.html

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