COMITÊ CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA INFRAERO - CCPI
Na pós-privatização dos aeroportos
federais, o governo federal se pauta em acordos firmados entre o SINA, a
Infraero e a SAC, cuja aprovação fugiu ao razoável, justamente pela deliberação
ter ocorrido a nível nacional, quando deveria ficar restrita aos aeroportos
privatizados, aos aeroportuários atingidos pela medida governamental, o que
implicou em denúncia destes ao Ministério Público do Trabalho, em tramitação na
Procuradoria Regional do Trabalho da 10ª Região, em Brasília-DF.
As concessionárias realizaram, em
meados de julho/2012, uma série de palestras junto aos trabalhadores, em cada
um dos aeroportos privatizados, para apresentar seus megaprojetos e suas
intenções, evento em que estavam presentes representantes da alta direção da
Infraero (superintendentes, gerentes etc.) e representantes do SINA,
enfatizando que migrar para as concessionárias seria a melhor solução, a mais
viável.
Para nosso espanto, em 20/09/2012, o
SINA publica em seu site, no espaço “Turbulência”, uma matéria orientando os
trabalhadores a não aceitarem o convite das concessionárias, haja vista o fato
delas terem recebido minuta de acordo coletivo de trabalho e, mesmo após um
mês, não manifestarem disposição em negociar.
Fato é que não basta ao
aeroportuário querer ser transferido para a concessionária, pois precisa
aguardar se receberá o convite do novo gestor do aeroporto privatizado, gestor
este que não possui a experiência da Infraero em operação de aeroportos, nas
diversas áreas de negócio e de suporte de uma dependência aeroportuária
(operações, segurança, comercial, logística de carga aérea, manutenção etc.),
tampouco teve que comprovar experiência em operação com carga aérea, apenas e
tão somente com passageiros e num montante bem insignificante (cinco milhões de
passageiros/ano), frente à realidade atual e vindoura.
O próprio SINA também revela em seu
site, no espaço Turbulência, que apenas 5% dos trabalhadores mostraram
interesse em migrar para as concessionárias, mesmo diante da possibilidade de
adesão ao Programa de Incentivo à Transferência ou Aposentadoria – PDITA.
Muitos empregados aguardavam por
oportunidades de transferência para outros aeroportos e a Infraero,
recentemente, resolveu divulgar um chamamento, com pouco mais de 1200 vagas
para vários cargos, em diversas localidades no Brasil, para as quais se torna
um risco considerável optar, quando já se tornou pública a intenção do governo
federal de revelar seu plano de outorgas dos aeroportos somente após o 2º turno
das eleições, por questão meramente política.
E mesmo sobre o estudo junto ao
governo federal para realocação dos empregados em outros órgãos públicos, a
situação continua indefinida, havendo apenas uma sinalização de que seria
possível, só não sabemos se há a predisposição necessária a isso.
Em suma, o trabalhador da Infraero,
que ingressou na empresa por meio de concurso público, hoje amarga indefinição
quanto ao seu futuro profissional, sendo vítima - juntamente com sua família -
de um processo de entreguismo do patrimônio público à inciativa
privada, ao qual não deu causa. É o prêmio que recebe por ter ajudado a
construir a terceira maior e melhor empresa gestora de aeroportos do mundo, com
a maioria de seus aeroportos certificados pela NBR ISO 9001, além de outras
certificações como a conferida ao Aeroporto Internacional de
Viracopos/Campinas, em reconhecimento a Excelência da Carga Aérea.
Na realidade, sabemos que a Infraero
não se extinguiu enquanto empresa pública federal e que irá continuar atuando
nos aeroportos privatizados, sendo detentora de 49% das ações do negócio
aeroportuário, ou seja, seria perfeitamente possível manter os trabalhadores
atuando em Viracopos, Guarulhos e Brasília, se quisessem, mas pagamos hoje o
preço de um ato inconseqüente do governo federal, de tamanha irresponsabilidade
para com os aeroportuários, somado a postura omissiva de uma entidade sindical
patronal e dos próprios trabalhadores, em sua maioria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário