COMITÊ CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA INFRAERO - CCPI
A privatização é uma realidade, um fato consumado em 06/02/2012, embora
questionável juridicamente e politicamente, onde o governo federal assumiu um
enorme risco de aumentar as desigualdades regionais e sociais do Brasil, em
razão da interrupção dos subsídios cruzados, ou seja, do repasse de verbas dos
aeroportos superavitários para os deficitários, fragilizando a própria
sistemática de integração territorial de um país de dimensões continentais.
Interessante conferir as algumas palavras de Bernardo Figueiredo,
presidente da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), que participou do
"Poder e Política", projeto do UOL e da Folha, conduzido pelo
jornalista "[Fernando Rodrigues]". A gravação ocorreu em 29/08/2012,
no estúdio do UOL em Brasília.
SOBRE AEROPORTOS:
Folha/UOL: A gente ouve que houve uma certa insatisfação em alguns setores do governo com o resultado das concessões daqueles três aeroportos que já foram feitas. Guarulhos, Brasília e Campinas. Ficou-se muito insatisfeito, dentro do governo, com o resultado da concessão, com as empresas, o porte delas, as que ganharam, etc. O que aconteceu? Houve alguma coisa que deu errado ou não?
Bernardo Figueiredo: Não, assim... a gente, inclusive, agora no trem de alta velocidade [o TAV, apelidado de "trem-bala", cujo projeto liga Campinas ao Rio de Janeiro] nós estamos tomando o cuidado... Quer dizer, você tem que trazer para esse processo, a ponta... o estado da arte naquela área... E eu acho que isso...
Folha/UOL: Isso não aconteceu nessas três licitações?
Bernardo Figueiredo: Não houve essa exigência de qualificação de empresas para entrar no processo, que elas fossem o que há de melhor em termos de operação...
Folha/UOL: Então foi um erro?
Bernardo Figueiredo: É... foi um erro.
Folha/UOL: E agora, para corrigir isso, nos próximos haverá essa exigência?
Bernardo Figueiredo: É só tomar esse cuidado. É só não cometer de novo o mesmo erro.
SOBRE AEROPORTOS:
Folha/UOL: A gente ouve que houve uma certa insatisfação em alguns setores do governo com o resultado das concessões daqueles três aeroportos que já foram feitas. Guarulhos, Brasília e Campinas. Ficou-se muito insatisfeito, dentro do governo, com o resultado da concessão, com as empresas, o porte delas, as que ganharam, etc. O que aconteceu? Houve alguma coisa que deu errado ou não?
Bernardo Figueiredo: Não, assim... a gente, inclusive, agora no trem de alta velocidade [o TAV, apelidado de "trem-bala", cujo projeto liga Campinas ao Rio de Janeiro] nós estamos tomando o cuidado... Quer dizer, você tem que trazer para esse processo, a ponta... o estado da arte naquela área... E eu acho que isso...
Folha/UOL: Isso não aconteceu nessas três licitações?
Bernardo Figueiredo: Não houve essa exigência de qualificação de empresas para entrar no processo, que elas fossem o que há de melhor em termos de operação...
Folha/UOL: Então foi um erro?
Bernardo Figueiredo: É... foi um erro.
Folha/UOL: E agora, para corrigir isso, nos próximos haverá essa exigência?
Bernardo Figueiredo: É só tomar esse cuidado. É só não cometer de novo o mesmo erro.
É natural que entregando os maiores
e mais rentáveis aeroportos federais para a iniciativa privada, responsáveis
por 70% da arrecadação, a rede aeroportuária gerida pela Infraero, ficaria
fragilizada, e isso era previsível, tornando-se inadmissível a aceitação da
justificativa do governo federal de que se tratou apenas de um erro e não de
ato premeditado, passível de investigação rigorosa pela Polícia Federal e pelo
MPF, com o devido encaminhamento ao Poder Judiciário para julgamento e
condenação dos responsáveis, além de anulação do negócio jurídico em prol do
interesse público e ressarcimento ao erário.
Recentemente, em entrevista à Folha
de São Paulo, em 06/10/2012, intitulada "A Infraero precisa de choque de
gestão", o professor de transporte aéreo da Coppe (Instituto Alberto Luiz
Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Elton Fernandes, afirma estar perplexo com as improvisações do
governo nos aeroportos, pois com o modelo escolhido para os três primeiros
aeroportos licitados, a gestora dos aeroportos, hoje superavitária, deve passar
a ter deficit a partir do ano que vem. Fernandes diz ainda que o governo não
conseguirá um administrador internacional que transfira tecnologia para a
Infraero e defende um choque de gestão na estatal, ou seja, o melhor modelo
seria ter uma boa gestão pela própria Infraero.
O que se sabe é que o governo ainda
não definiu qual modelo será adotado para Galeão (Rio) e Confins (Belo
Horizonte) e, segundo o Prof. Fernandes, ainda que conceda os dois aeroportos,
se não melhorar a gestão da Infraero, será um desastre, porque o transporte não
se dá somente entre os aeroportos concedidos, ou a conceder, mas em conjunto
com todos os outros; ainda na opinião do Prof. Fernandes as empresas vão pegar
dinheiro público e pagar esses compromissos todos (outorga, investimentos) e
esperar a receita entrar para saldarem suas dívidas. Não é o dinheiro do
governo de qualquer forma? “A privatização da Infraero
é impossível de ser feita, porque grande parte dos aeroportos brasileiros é
deficitária. Seria necessário um choque de gestão bastante forte na Infraero
para mudar essa configuração. Não melhorar a Infraero é um absurdo.”, diz
Fernandes.
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