quinta-feira, 2 de agosto de 2012

CONSIDERAÇÕES NECESSÁRIAS II

por Dulcinéa Lopes da Silva



Olá para todos e todas,

 Uma vez mais me permito à liberdade de convidá-los(as) para novas considerações, que não são exatamente novas porque estão fervilhando nas nossas cabeças,  sobre a nossa situação enquanto empregados(as) da INFRAERO frente a esse processo de privatização e as consequências por ele geradas, como a falta de respeito para conosco por parte da empresa na qual trabalhamos, por parte das concessionárias, cada uma em seu respectivo aeroporto, e por parte do Governo Federal.

Há alguns dias, em visita a Londres por conta da abertura dos Jogos Olímpicos, a Excelentíssima Presidente da República, Senhora Dilma Rousseff, em entrevista coletiva mostrava-se preocupada com o emprego dos trabalhadores da General Motors de São José dos Campos, cerca de 1500 empregados, que devido o fim da produção de alguns modelos de automóveis fabricados pela GM na fábrica daquela cidade estavam e ainda estão sob séria ameaça de demissão.

É interessante observar que na citada entrevista, a Senhora Dilma Rousseff dizia que os incentivos fiscais que o Governo Federal oferece são para que a economia se mantenha aquecida, o nível de emprego se mantenha estabilizado o dinheiro continue girando e outras tantas questões cujo propósito é impedir que a crise internacional atingisse a economia do Brasil com a mesma força com que tem atingido a Europa,  EUA e demais países da América Latina.

Considero tudo isso muito importante, inclusive, acredito que o Governo Federal realmente deva tomar todas as providências para que os(as) trabalhadores(as) da indústria automotiva não percam seus empregos, no entanto, há algo que realmente me incomoda nessa questão, e não só a mim, tenho certeza que a você também. 

Eis a questão: Por que o Governo federal está preocupado com os empregos gerados pelo setor automotivo e não está nem aí para os(as) empregados(as) federais de INFRAERO? Alguém consegue me responder, por gentileza? Por qual razão a Senhora Presidente da República está toda preocupada com os(as) trabalhadores(as) desse setor da economia e nem tomou conhecimento da nossa situação?

Será que nós aeroportuários(as) somos menos importantes do que os(as) demais trabalhadores(as) do Brasil?

Será que para o Governo Federal não importa o que acontece conosco, ou será que ele não está sabendo da situação que nos atinge?

Esse governo quer mesmo nos convencer que está alheio ao que está havendo nos aeroportos concedidos, assim como a Senhora Dilma Rousseff, em entrevista coletiva há alguns dias em Brasília quis convencer a todos e se eximir da responsabilidade sobre a privatização dos aeroportos brasileiros afirmando o seu descontentamento com o resultado do leilão e ao mesmo tempo querendo tirar o corpo fora dizendo: “Não serão mais “concedidos” aeroportos com esse modelo atual de concessão, VOCÊS ENTREGARAM OS TRÊS MAIORES AEROPORTOS DO BRASIL PARA UMA GENTE QUE NINGUÉM CONHECE.” Disse isso se dirigindo à SAC e ANAC, como se alguma coisa em relação a esse processo tivesse acontecido sem o conhecimento ou consentimento dela.

 Vindo da Presidente Dilma, o ceticismo torna-se necessário, simplesmente não é possível que algo a respeito desse processo tenha ocorrido sem antes passar por suas mãos. Sua história de vida, de resistência contra o período mais sombrio vivido por este país, com exceção do regime de escravidão, a vontade e personalidade inquebrantáveis simplesmente torna impossível crer em tal queixa.

 Por isso caro e cara, é mais do que necessário que abramos os nossos olhos e não fiquemos esperando a resposta vir do nada porque ela não virá. Estamos vivendo um período de humilhação, de vergonha, de enxovalhamento da nossa dignidade, de zero respeito a nós e a nossos familiares que dependem de nós. Não podemos aceitar isso de maneira alguma, se não reagirmos agora, enquanto há tempo, a “solução final” proposta pela INFRAERO para os(as) trabalhadores(as) será cavar uma cova comum, jogar todos(as) dentro e depois com uma retroescavadeira jogar terra por cima, isso com todo mundo vivo.

 Não podemos esperar para ver, temos que exigir nossos direitos, estes conquistados por meio do concurso que fizemos. Pelo nosso trabalho reconhecido internacionalmente, sei que já disse isso, mas não me canso de repetir, pois nada mais é que a verdade.

 Aqui em Viracopos continuamos sem nenhuma resposta ou proposta da INFRAERO ou da concessionária.

Pois eu digo uma coisa para vocês, enquanto eles não se manifestarem, não se preocupem, mesmo porque quem realmente tem motivos para se preocupar são eles e não nós. NÓS SOMOS AS VÍTIMAS NESSE PROCESSO TODO! AS VÍTIMAS! LEMBRE-SE DISSO.

Não aceite, não admita, não se curve ante a pressão psicológica, assédio moral e todas as artimanhas que alguns chefes, enquanto defensores da instituição INFRAERO e até da concessionária, estão exercendo. Caso você se veja envolvido em alguma situação de assédio seja inteligente, use a cabeça, chame testemunhas, peça para o chefe repetir na frente de outra pessoa o que disse, ou então que o faça por escrito. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO está aí para isso, imagine o susto que eles não levarão quando começar a chover denúncias dos empregados na cabeça deles? Eles terão que se mexerem rápido, muito rápidos para investigar e resolver as questões. Por isso, não tenha medo, seja inteligente e não se acovarde. Defenda seus direitos, seu emprego e sua família porque a INFRAERO e concessionária estão pensando no que é melhor para elas e não para os empregados, essa é a lógica dos poderosos e do capital.

 Para se ter uma ideia de como estão com o desespero batendo à porta, no site do SINA foi publicado que existem 300 vagas para transferência em todos os aeroportos do Brasil, detalhezinho bobo, não publicaram a quantidade de vagas por aeroporto. Essa também é uma forma de pressionar as pessoas a se decidirem pela concessionária, afinal, se a pessoa está acelerada, angustiada, temerosa, logo pensará: mas são apenas 300 vagas, não terá vaga para mim, terei que ir para a concessionária afinal os(as) trabalhadores(as) dos três aeroportos privatizados somam quase 2.800 empregados(as), estou descontando os da Navegação Aérea.

 NÃO PENSE ASSIM. A SITUAÇÃO QUE ESTAMOS VIVENDO FOI CRIADA PELO GOVERNO FEDERAL, ENTÃO QUE ELE SE ARDA PARA RESOLVÊ-LA, VOCÊ, EU, NOSSOS COLEGAS AEROPORTUÁRIOS NÃO TEMOS QUE NOS PREOCUPAR EM RESOLVER A SITUAÇÃO PARA NINGUÉM, ELES QUE TRATEM DE RESOLVER E SEM PREJUDICAR À PARTE  MAIS FRACA, NESSE CASO O(A) TRABALHADOR(A).

 Nossa consciência coletiva, desenvolvida em uma cultura de dominação e colonização nos faz acreditar que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, pois eu tenho uma novidade para todos vocês, nesse caso o lado mais fraco é a INFRAERO e a concessionária. SE NÓS NOS UNIRMOS E FICARMOS FIRMES NO PROPÓSITO DE DEFENDERMOS NOSSOS INTERESSES E DIREITOS ELES TERÃO QUE CEDER.

 A concessionária não pode tocar o aeroporto sem os(as) empregados(as) da INFRAERO, esta por sua vez não pode nos demitir porque o aeroporto foi privatizado, a Presidente da República Federativa do Brasil está defendendo o emprego de 1500 empregados da General Motors, irá admitir a demissão de  mais ou menos 2.800 empregados públicos federais? Acho que não. A demissão de um único empregado nessa situação não se justifica, quanto mais desse montante. E a repercussão disso nos meios de comunicação? O Governo Federal vai correr o risco do impacto negativo na economia caso haja o despejo dos empregados INFRAERO na rua por meio de demissão? Pode estar certo que não.

 Outra coisa importante, a concessionária ainda não apresentou nenhuma proposta de salário e plano de benefícios para os empregados INFRAERO que ela precisa tanto contratar, será que ela pensa que os possíveis candidatos aceitarão trabalhar de graça? Será por isso tanta demora em chamar os “escolhidos” por ela para conversar?

 Recebi um e-mail de uma companheira de Brasília que disse que por lá está acontecendo exatamente a mesma coisa, a INFRAERO se fazendo de morta, a única diferença é que a concessionária após cerca 45 dias de assinatura do contrato está iniciou as entrevistas individuais com os(as) empregados(as). A entrevista gira em torno das seguintes questões: “você quer trabalhar para a concessionária?” e “Cite dois benefícios que você considera mais importante.”.

 Ou seja, o trabalhador que optar em ir para a concessionária terá que optar por quais benefícios deseja manter e quais consideram dispensáveis, é isso mesmo? Como bem disse a companheira de BSB, benefícios que lutamos anos a fio para conquistar quem tiver o interesse em ir para a concessionária terá que abrir mão. Eu pergunto você acha certo isso? É isso que quer para você? CREIO QUE NÃO.

Outra questão, tenho visto alguns colegas defendendo fervorosamente que a iniciativa privada é ótima para trabalhar, que existe vida após a INFRAERO, que ninguém tem porque temer a concessionária, no entanto, ontem mesmo questionando dois desses colegas se iriam para a concessionária, os dois disseram que não. Sou obrigada a dizer igual ao mineiro: “Uai sô, que diabo é isso, é bom, é ótimo, é excelente, mas não para eles, é bom para os outros”? É assim mesmo, pimenta nos olhos dos outros é refresco?

 Gostaria de contar um episódio sobre Ulisses, rei de Ítaca narrado por Homero em seu livro a Odisseia, mas como já me prolonguei demais vou apenas dizer, tenham cuidado com o canto das sereias, ele é ilusório e os marinheiros que confiam nele morrem afogados depois que seus navios são destruídos nas pedras. Quem ler o livro entenderá muito bem o que estou falando, mas quem  não puder ler, prestem atenção a propostas reais, no papel, ou no famoso preto no branco, como costumamos dizer.

Não creiam em propostas imaginária ou ilusoriamente boas, como por exemplo, piso salarial de 2.000 reais. Atenção, caso o piso fosse esse o oferecido pela concessionária, quais seriam os benefícios? Temos que pesar muito bem as coisas, porque apesar do nosso piso não ser muito alto temos benefícios que superam em muito as demais empresas por aí. Vou dar um exemplo, de que adianta o piso ser 2.000 reais, UM EXEMPLO, se eles achatarem o valor do tíquete? Se cortarem o plano odontológico? Se mudarem o convênio médico para um desses que quase nenhum médico ou hospital atende? Quem aceitar mudar para a concessionária terá que enfiar a mão no bolso para poder ter o padrão que tem hoje com os benefícios da INFRAERO.

 Eles não nos chamam para conversar, para discutir, para saber dos nossos interesses, MAS NÓS TEMOS O DEVER DE FAZER ISSO ENTRE NÓS. TEMOS QUE DISCUTIR NOSSAS NECESSIDADES, DISCUTIR O QUE QUEREMOS O QUE ESPERAMOS.

ENTENDA, NINGUÉM IRÁ DECIDIR O MELHOR PARA VOCÊ SE VOCÊ MESMO NÃO O FIZER CONCOMITANTEMENTE.

VOCÊ É O MAIOR INTERESSADO NA SUA VIDA E NA VIDA DE SUA FAMÍLIA. PENSE SOBRE ISSO.

NÃO CREIA EM CONTOS DE FADAS, DE PALCO DE ILUSÕES.

 Não tenha medo, não se apavore, tudo que precisamos é coragem e consciência. Não se acovarde diante da vida e das intempéries.

JUNTOS, UNIDOS, NÓS SOMOS MAIS FORTES DO QUE ELES.

 E SÓ PARA ESCLARECER, JÁ QUE ME PERGUTARAM ESSA SEMANA, EU NÃO VOU PARA A CONCESSIONÁRIA DE JEITO NENHUM, NEM QUE O PISO SEJA DE 5.000 REAIS. PARA MIM TRATA-SE DE UMA QUESTÃO IDEOLÓGICA. PODEM TER CERTEZA DISSO. QUEM ME CONHECE DE PERTO SABE DISSO.









 “Tudo o que a vida pede da gente é coragem”

 Guimarães Rosa



Peço a gentileza de repassarem para seus amigos e amigas, pois o Outlook não permite enviar para toda a lista, por essa razão só posso enviar para um número reduzido de pessoas, conto com a colaboração de todos e todas para que esse e-mail circule todos os aeroportos.

O e-mail anterior já foi para na mão do Marcelo Freixo, candidato a Prefeito pelo PSOL no Rio de Janeiro e também já foi parar no Congresso Federal, vamos fazer esse e-mail chegar até a Senhora Dilma Rousseff.

 Saudações Resistentes.


Dulcinéa Lopes da Silva
COMITÊ CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA INFRAERO - CCPI

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